Marchionne ameaça futuro da Ferrari
Sergio Marchionne é considerado por muitos como um mago da indústria automóvel, mas já foi assim com figuras com um percurso mais ou menos semelhante. Basta recordar "Lee" Iacocca, célebre por ter lançado o Mustang: despedido da Ford depois do flop Pinto, foi idolatrado pelas políticas radicais que "salvaram" a Chrysler da ameaça de ruína que nunca foi consolidada, mas apenas foi adiada.
Todas as decisões são financeiras e não há propostas no campo do produto, e sem ele não há vendas. É assim na Europa com a Fiat, Alfa Romeo e Lancia, mas também nos EUA com as marcas da Chrysler, que apesar de tudo, voltaram a ser rentáveis.
Na Europa também se verifica algum aumento da produção, mas todas as gamas estão envelhecidas e as novidades surgem a conta-gotas apesar das contínuas promessas estratégicas. Mas a política de Sergio Marchionne é muito mais evidente junto da área financeira, onde vale quase tudo para potenciar os números sem que haja investimento em novos modelos.
Isso é mais do que evidente na Ferrari. A marca de Maranello foi fundada por Enzo Ferrari para financiar a actividade desportiva, mas com a gestão Marchionne tornou-se um mero activo bolsista que tem que render, custe o que custar, para pagar dividendos aos accionistas.
Por isso, chegámos a "séries especiais" como a dos 70 Anos e a declarações tão aberrantes como a que foi feita numa conferência de accionistas de Wall Street, onde Sergio Marchionne afirmou que deu tudo o que podia para ter sucesso na F1, mas que isso vai deixar de acontecer em 2017, chegando mesmo a considerar que para a Ferrari é suficiente continuar em pista.
Como gestor, saberá melhor do que ninguém do que está a falar, mas como observadores consideramos que esta posição não passa de um convite para dar o passo em frente para quem está à beira do abismo.
A história só se faz no futuro, mas o futuro do mago Sergio Marchionne não parece brilhante. Resta apenas saber se o Grupo Fiat-Chrysler Automobiles conseguirá resistir à sua política.